Chegamos em Lviv na Ucrânia no dia da abertura da EURO 2012, o clima na cidade já era contagiante. Como passamos uns dias em Veneza na Itália, embarcamos para Ucrânia pelo aeroporto de Treviso. Já na fila de embarque encontramos um colombiano e um português que, assim como nós, estavam indo assistir ao jogo de Portugal x Alemanha no dia seguinte. Ali já começamos a falar sobre futebol e sobre as expectativas para esta edição da EURO. Aterrissamos na Ucrânia super empolgados e apreensivos, afinal a língua local, ucraniano é muito diferente da nossa, eles usam um alfabeto parecido com o grego e a pronuncia deles nos deixa zonzos. Apesar disso, nos sentimos muito bem na cidade, poucas pessoas falam inglês, somente nos hotéis e uma que outra nos bares e restaurantes, mas mesmo assim os ucranianos fazem de tudo para te receber bem, quem não fala inglês vai logo procurar alguém que fale para não te deixar sem informação.
A lingua e seus caractres diferentes, tem seu lado divertido pois aos poucos a gente aprende a transliterar algumas letras e fica tentando ler o que está escrito nas placas, meu marido faz isso com uma facilidade enorme, eu nunca lembro o som que a letra faz, mas quem conhece o alfabeto grego se da bem na transliteração.
(passeando pela cidade)
Espalhados pela cidade tinham voluntários especialmente selecionados para atender os turistas durante a EURO, na sua maioria estudantes que se candidataram para ajudar e ao mesmo tempo praticar o seu inglês, todos muito simpáticos e prestativos, uniformizados eles andavam com bolsas distribuindo mapas da cidade. Os mapas eram bem explicativos e tinham indicações em ucraniano e Inglês, davam dicas dos pontos turísticos da cidade, como chegar neles, quais linhas de ônibus, metro ou trem pegar, como chegar no estádio, etc.... tudo muito bem organizado, o transporte público (coletivo) na ucrânia é de dar inveja, na Europa toda é assim, mas a ucrânia é um pais pobre, que vive em dificuldades, está fora da zona do euro, tem corrupção e conflitos, o salário mínimo é de 80 Euros, ou seja, em torno de 215,00 reais, mas nada disso impede que a população tenha um transporte de qualidade e digno. E não é só por causa da Euro que o transporte público melhorou, as linhas de metrôs, trens e os ônibus bem cuidados, são de muito antes de a ucrânia ser candidata a sede da euro, isso é cultural!
Duas coisas que eu gosto na Europa e que no Brasil não é bom, transporte publico de qualidade e aquecimento a gás. Principalmente nós aqui do sul que temos um inverno frio e sofremos sem necessidade. Na Europa, e não é só onde faz frio não, morei em Palermo no sul da Italia que faz 40° no verão e 9° no inverno (4° nos dias que entram frente fria) e todas as casas, por mais simples que sejam tem aquecimento a gás em todos os cômodos, inclusive no banheiro, todas as torneiras tem misturador de água quente e fria, assim ninguém passa frio e ninguém sofre para tomar banho num banheiro gelado onde o chuveiro elétrico não tem força o suficiente para esquentar a água que vem dos canos congelada. Por isso que eu digo que o brasileiro gosta de sofrer, na Argentina, eles tem um sistema europeu de aquecimento (alguém me corrija se eu estiver falando bobagem), não sei se abrange todos os lares como na Europa, mas nos lugares onde eu estive o aquecimento me chamou a atenção.
(na Fan Zone)
Bem, chega de choro e vamos voltar a EUROCOPA. Depois de fazer um Tour pela linda cidade de Lviv, passar pela Fan Zone (lugar cercado onde os organizadores do evento disponibilizam telões, barraquinhas de comida, bebida e produtos com a marca de EURO, além de um palco com shows, tudo para que os fãs e torcedores sintam a energia e clima de uma competição de grande porte como esta), seguimos para o estádio de ônibus, que era gratuito para quem tinha ingresso do jogo, todo o transporte publico funcionou desta maneira durante os dias de jogo. O ônibus nos deixou num lugar próximo ao estádio, de lá todos tinham que seguir a pé, vai ser assim tb no Brasil durante a copa, então ninguém precisa se preocupar com estacionamentos perto dos estádios, porque as ruas que dão para o estádio estarão fechadas para carros e somente os transportes coletivos poderão circular, além das pessoas a pé, isso é regra da FIFA.
A medida que fomos nos aproximando a Arena Lviv ia se apresentando para nós, a emoção começou a aumentar, alemães e portugueses caminhavam juntos e nós, brasileiros e colorados misturados no meio daquela multidão, que quando percebiam a nossa presença nos indagavam o porque, já que o Brasil não participa desta competição, ficando assustados, para não dizer maravilhados, quando respondíamos que estávamos ali por amor ao futebol, todos falavam UAU!!!
No caminho pro estádio encontramos novamente o colombiano que estava em companhia de outro português, caminhamos juntos e encontramos outro brasileiro o Diego, tão doido quanto nós, conversando com ele descobri que ele conhece a Lu, nossa chefinha do blog, mundo pequeno não?!
A entrada no estádio foi antecedida por revistas e inspeções dos ingressos, até finalmente passar pela "porta roleta" depois da leitura do código de barras do bilhete, tudo muuuito organizado, nos ingressos, que já tínhamos recebido em nossa casa no Brasil, constava o portão, setor, fila e número de cadeira no qual deveríamos sentar, não teve erro, sem tumulto, tudo rápido e fácil, apenas uma rápida fila (amontoado, pois europeu não sabe fazer fila) antes de passar na revista.
(com os animados portugueses na Fan Zone, um deles reconheceu a camisa do Inter)
(caminhando em direção a Arena)
(a faixa saiu virada....hehehe)
(estávamos na oitava fileira, bem pertinho do campo, na oitava fileira)
Quando chegamos no nosso setor, entramos e vimos o gramado, uma música empolgante tocava alto e animando todos que ali estavam, foi emocionante demais! Começou uma chuva forte, mas que em nada afetou a torcida já que o estádio é totalmente coberto. Procuramos nossas cadeiras e ficamos ali, embasbacados com aquele lugar, emocionados com aquela energia, como que o futebol pode nos proporcionar tais emoções. Estávamos ali para assistir Portugal e Alemanha, que tirando a nossa ascendência, nada tem a ver com a gente, mesmo assim estávamos quase chorando de alegria, balançando a bandeira e manta do Inter, vestidos eu com a camisa Colorada e ele com a do Brasil, felizes, do incio ao fim da partida, que pareceu passar rápido demais.
Eu torcia para Portugal, o Andrei para um empate, mas no final pouco importou o resultado, saímos no meio da torcida que dentro e fora do estádio estava misturada, alemães e portugueses lado a lado, cada um torcendo para a sua seleção, aceitando o resultado final e indo embora juntos sem qualquer confusão, qualquer provocação. Alemães felizes e comemorando, Portugueses reclamando do Cristiano Ronaldo e assim foi até cada um seguir o seu rumo.
E nós, dois colorados no meio dos europeus, com a boca na orelha por estar participando de mais um espetáculo futebolístico.
ABRAÇOS COLORADOS