TORMENTOS DE UMA COLORADA FORA DO RIO GRANDE DO SUL

Fiquei pensando no que poderia postar pela primeira vez no Blog "Coloradas na Área". Comecei então, a lembrar o quão difícil é ser colorada fora do Rio Grande do Sul e de tudo o que se tem de aguentar para segurar a bandeira. O tormento começa mesmo sem estarmos na temporada do Brasileirão ou até dos campeonatos regionais. Moro em Brasília, terra de muitos povos, e me sinto sufocada por flamenguistas, botafoguenses, vascaínos, tricolores carioca, são-paulinos, corintianos, etc. 

No meio de todas essas torcidas, a gente se sente meio acuada ao ponto de, quando encontra um colorado perdido, vira melhor amigo, faltando abraçar. Quando se está na época dos estatuais, temos que engolir ter de escutar o jogo na Rádio Gaúcha, Guaíba ou do Inter, pois na TV, aberta ou fechada só passa jogos dos times da ponte aérea Rio - SP. Pelo menos nessa época, estamos protegidos das chacotas dos torcedores paulistas e cariocas. 

O maior tormento acontece no Brasileirão com piadinhas dos nossos colegas da "ponte aérea" sobre o placar que, lógico, são deles. Mas fico feliz... Ao menos vou poder assistir ao jogo do Internacional na televisão, podendo escolher em qual canal quero ver meu time jogando.

Então, naquele dia, crio a maior expectativa para assistir o futebol. Sento feliz, vestida com a camisa do meu colorado e abraçada na bandeira e aí, recomeça o tormento... Os comentaristas são todos do time adversário. O gol do outro é gritado com mais força e se estende por meia hora, enquanto o gol do Internacional se limita em: “gol” do Inter e uns segundos de grito. 

Há também os comentários dos dribles espetaculares do Flamengo, Botafogo, Fluminense, Corinthians, São Paulo, etc. etc. etc., que são ovacionados, mesmo não sendo lá esse futebol todo. Enquanto os comentários sobre o Internacional se limitam apenas a narração sem qualquer entusiasmo sobre um gol feito, e se houver o gol, porque caso contrário, nada se fala.

Outra coisa que observei é que, enquanto o Inter toca a bola, o comentarista fala do uniforme do jogador, do juiz, do bandeirinha, do estádio, da tabela, de tudo. Mas quando o time adversário, pega bola pára tudo e eles resolvem narrar o jogo num entusiasmo que dá gosto. Nessa hora eu já troquei de canal mil vezes, já troquei de cadeira, já falei mal da arbitragem, do jogador e é claro da equipe de narradores e daquele comentarista... , até a hora que acabo recorrendo ao radinho pra escutar o restante da partida. Tenho então que tirar todo o som da TV, porque a voz do narrador e do comentarista já passou da gastura e da irritação profunda.  Enfim acabou o jogo, e independente do placar, estou exausta e irritada... E se o adversário ganhou, além de não ir para a TV novamente, pra não assistir os comentários pós-jogo, não quero ir trabalhar no dia seguinte... Chacota na certa. 

Agora, se meu time ganhar, também não dá nenhuma vontade de assistir a TV, pois os comentários são as causas pelas quais o time deles perdeu. Ou seja, nós, forasteiros nos encontramos perdidos... E só o amor ao brasão de nosso Inter, a cor vermelha e a bandeira, nos fazem resistir a essa saga. Bem... Imaginem como vai ser meu dia 28 de julho de 2010... Que meu colorado vença!